Apresentação
Maria do Carmo Amorim Navarro é um patrimônio de família. Mais do que isso: é uma mulher guerreira, na qual estão presentes preceitos de ética, virtudes valiosas e um testemunho vivo de histórias e fatos singulares.
Por tudo isso e muito mais, essa apresentação – Tributo à Uma Vida- Centenário de Nascimento de Maria do Carmo Amorim Navarro, desprovida de sentimentalismo, integra-se às homenagens prestadas pela passagem de seu centenário de nascimento. Vida longa, cheia de ensinamentos e coragem.
Maria do Carmo viu atravessar gerações, acompanhou mudança de século, o que constitui um privilégio para poucas pessoas. Apesar das limitações que a idade impõe, chegou a esse patamar com lucidez.
Outro objetivo dessa homenagem é o resgate de fontes, a preservação de documentos valiosos, que estão na iminência de desaparecer. A falta de uma mentalidade para conservá-los tem causado a perda e destruição. Preservar as fontes é uma tarefa de todos nós. Por tudo isso, resolvemos retratar a sua vida, buscando informações para o enriquecimento desse trabalho sobre sua longa existência.
Maria do Carmo é um remanescente de uma era que não valorizava muito a mulher, conceituava-a como exemplar aquela que vivesse confinada nos seus lares, presa às tarefas domésticas, cuidando do marido e dos filhos. Era tida como boazinha e bem comportada, que não fugia dos padrões éticos e sociais da época. Assim foi criada. A vida não lhe deu a oportunidade para fazer um curso superior.
Católica praticante, ela rezava quando ia dormir, quando acordava, na hora das refeições, e era assídua às missas dominicais. Foi sagrada Carmelita (Irmandade de Nossa Senhora do Carmo) e no dia dedicado à Santa, vestia o hábito e desfilava durante as procissões.
No mês de maio, dedicado à Virgem Maria, obrigava aos filhos irem à igreja e assistir todo o Mês de Maio, que consistia na reza do terço e da Ladainha, numa evocação aos santos. Se por acaso não pudéssemos comparecer, muitas vezes, motivado pela chuva que era intensa durante todo o mês, éramos obrigados a rezar em nossa casa, que o mano Geraldo não levava muito a sério e fazia gozação com os santos.
Antes de iniciar esta tarefa prazerosa, remeti para todos da família uma circular solicitando informações e depoimentos destinando mensagens à homenageada, cujos dados enriqueceriam muito este trabalho.
Aos que não participaram desta iniciativa, sentimos pesar da ausência que ficará registrada para sempre. Aos que compartilharam, esperamos que encontrem, no estudo das nossas raízes, o sentido de nossa vida futura.
Senhor, obrigada por tudo. Pelos 100 anos de existência de nossa mãe, avó, bisavó e tataravó, pela sua saúde e fortaleza nos momentos de alegria e desânimo. Obrigada pelos momentos que vivemos como família e pelo amor que construímos juntos.
Sua filha
Glaucinha
(Glauce Maria Navarro Burity)